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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Saudade

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo 
em dicionários antigos e poeirentos 
e noutros livros onde não achei o sentido 
desta doce palavra de perfis ambíguos. 

Dizem que azuis são as montanhas como ela, 
que nela se obscurecem os amores longínquos, 
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas) 
a nomeia num tremor de cabelos e mãos. 

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro, 
seu segredo se evade, sua doçura me obceca 
como uma mariposa de estranho e fino corpo 
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas. 

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado 
desta palavra branca que se evade como um peixe? 
Não... e me treme na boca seu tremor delicado... 
Saudade... 


Pablo Neruda, in "Crepusculário" 
Tradução de Rui Lage

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