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domingo, 25 de setembro de 2011

Ó curva do horizonte, quem te passa,


Fernando Pessoa

Ó curva do horizonte, quem te passa,

Ó curva do horizonte, quem te passa,
Passa da vista, vão de ser ou estar.
Seta, que o peito enorme me transpassa.
Não doas, que morrer é continuar.
Não vejo mais esse a quem quis. A taça,
De ouro, não se partiu. Caída ao mar
Sumiu-se, mas no fundo é a mesma graça
Oculta para nós, mas sem mudar.
Ó curva do horizonte, eu me aproximo,
Para quem deixo, um dia cessarei
Da vista do último no último cimo,
Mas para mim o mesmo eterno irei
Na curva, até que o tempo a espera
E aonde estive um dia voltarei.
13-8-1921

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pedro Paixão

Ficávamos dias e noites fechados no apartamento dela a jogar xadrez, a ler alto um ao outro passagens de livros, a fazer demoradamente de comer. Entretínhamo-nos um com o outro e fazíamos o amor até nos transformarmos em água.  

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nosso fado

 henrique: Foi deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim (21:11) henrique: é um fado da amália (21:11) henrique: foi deus que nos juntou (21:12) henrique: foi deus que me deu poesia (21:12) Inês: as duas últimas frases (21:13) Inês: são do fado ou tuas? (21:13) henrique: são minhas (21:13) Inês: são do nosso fado (21:13) henrique: a mim não me deu a voz, deu-me o discurso
rssss (21:14) Inês: é verdade (21:14) Inês: aliás ...  nem sei
nunca te vi cantar (21:14) henrique: porque canto o fado (21:15) henrique: rsssss, é do poema (21:15) Inês: rsss (21:15) henrique: não sei, não sabe ninguém
porque canto o fado (21:16) henrique: Neste tom magoado
De dor e de pranto

domingo, 18 de setembro de 2011


Serapico

Serapico, pico, pico
Quem te deu tamanho bico?
- Foi a filha do juiz,
Que está presa pelo nariz.
Salta a pulga da balança.
Dá um pulo e vai para França.
Os cavalos a correr,
As meninas a aprender;
Qual será a mais bonita,
Que se vai esconder.

Serra

Serra

Deixem-me andar até ao fim da tarde,
Ébrio de longes, percorrendo os cimos.
Que ninguém me imponha os seus destinos.
Possa beber no gricho que me agrade.

Minha sede só em meu peito arde,
Não se compraz com o afastar dos limos.
Há fontes que a nós compete abrirmos,
Antes que a água tolde ou se retarde.

Podem tirar-me tudo, menos isto:
Subir a cumes de granito e xisto,
Na ânsia ardente de me ultrapassar.

A Serra, em mim, a difundir vertigem.
E esta dor que os outros não atingem,
De avistar Deus sem Lhe poder falar!

Poema de João de Sá. "Flores para Vila Flor"

Aletria

Receita:
100 g de aletria
4 dl de leite
150 g de açúcar
50 g de manteiga
3 gemas (de preferência de ovos caseiros)
casca de limão
canela q.b.

Confecção:
Coze-se a aletria em água durante 5 minutos e escorre-se.
Em seguida, leva-se o leite ao lume juntamente com a casca de limão, o açúcar e a aletria e deixa-se cozer.
Depois de a aletria estar cozida, junta-se a manteiga e, fora do lume, misturam-se as gemas previamente batidas.
Leva-se ao lume apenas para que as gemas cozam ligeiramente.
Serve-se a aletria polvilhada com canela.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FrustraçãoFoi bonito 
O meu sonho de amor. 
Floriram em redor 
Todos os campos em pousio. 
Um sol de Abril brilhou em pleno estio, 
Lavado e promissor. 
Só que não houve frutos 
Dessa primavera. 
A vida disse que era 
Tarde demais. 
E que as paixões tardias 
São ironias 
Dos deuses desleais. 

Miguel Torga, in 'Diário XV'

terça-feira, 13 de setembro de 2011

estou a pensar na resposta, finalmente deixaste-me a pensar (22:14) Inês: rs (22:14) henrique: não sei o que o futuro me reserva (22:14) Inês: pois é... ninguém sabe (22:14) henrique: mas seja como for, terei todo o prazer em receber-te (22:15) Inês: obrigada (22:15) henrique: até sou capaz de acabar com uma relação (22:15) henrique: para estar só contigo (22:15) Inês: tens idéia do tamanho da minha alegria em ler isso? (22:16) henrique: não...
não conheço a unidade de medida da alegria
oscar wilde dizia: só há duas tragédias na vida, uma é não conseguir o que se quer, outra é consegui-lo 
  (20:02) henrique: a felicidade é o meio termo
henrique: "sei que vou dormir sem companhia e isso entristece-me. parece-me vazio lavar os dentes
e pôr um pijama uma completa inutilidade.
antes de adormecer peço que deus não exista para não poder ser tomado como
responsável por todas estas atrocidades."

 henrique:
"se estivesses aqui, agora mesmo, seguramente estaria a violar os botões da tua roupa com os
meus dedos ansiosos para tocar o teu corpo, aquecê-los na tua pele e misturá-los com o teu
cheiro. não estás, mas estou a imaginar-te. retrato-te com vida, com movimento e palavras: as
tuas obscenas insinuações, a tua desmedida imaginação sempre por detrás da língua.
(22:58) henrique: putzzz

henrique: e vais, sobrevoar o céu da minha cama
fica por lá
 henrique: " claro que por vezes me sinto triste como toda a gente. mas é uma tristeza doce, como um descanso. e como não espero nada, não faço nada. de uma maneira ou de outra também acabarei por adormecer esta noite."
 pedro paixão