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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"Mas que queremos da vida? É a vida? O que se procura em cada segundo para se perder em cada segundo? O tempo, assim, de nada nos serve. Um dia, dando por nós próprios, perguntamo-nos o que fizemos, por onde andámos, que cidade e casas percorremos, sem que uma resposta nos satisfaça. A vida, então, limita-se a ser o que fez de nós, sem que o tenhamos desejado, e nada pode ser feito para voltar atrás, nem para restituir os passos trocado de direcção, as frases evitadas no último 

extremo, o olhar que se desviou quando não devia. Ah, sim – o amor? É isso
que queremos da vida? É verdade: cada um dos abraços que se deram, contando cada instante; o rosto lembrado no auge do prazer, quando um súbito sol desponta
dos seus lábios; os cabelos presos nas mãos, como se elas prendessem o feixe
da eternidade... Assim, a vida poderá ter valido a pena. É o que fica: o que 
nos foi dado e o que damos, sem que nada nos obrigasse a dar ou a receber; o puro
gesto do acaso na mais absoluta das obrigações. Então, volto a perguntar: que
outra coisa queremos da vida?"

Nuno Júdice (2001)
Cartografia das Emoções

Dadaísmo
Introdução 
O dadaísmo foi um movimento artístico que surgiu na Europa (cidade suiça de Zurique) no ano de 1916. Possuía como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais. Portanto, o dadaísmo foi um movimento com forte conteúdo anárquico. O próprio nome do movimento deriva de um termo inglês infantil: dadá (brinquedo, cavalo de pau). Daí, observa-se a falta de sentido e a quebra com o tradicional deste movimento.
Características principais do dadaísmo:

- Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico;
- Irreverência artística;
- Combate às formas de arte institucionalizadas;
- Crítica ao capitalismo e ao consumismo;
- Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica;
- Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc) na composição das obras de artes plásticas;
- Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos do mundo.

Principais artistas dadaístas

- Tristan Tzara
Marcel Duchamp
Hans Arp 
- Julius Evola
- Francis Picabia
- Max Ernst
- Man Ray
- Raoul Hausmann
- Guillaume Apollinaire
- Hugo Ball
- Johannes Baader
- Arthur Cravan
- Jean Crotti
- George Grosz
- Richard Huelsenbeck
- Marcel Janco
- Clement Pansaers
- Hans Richter
- Sophie Täuber

AIRES ALMEIDA SANTOS, in POETAS ANGOLANOS (1962) in ANTOLOGIAS DE POESIA DA CASA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO 1951-1963, Vol. I (ACEI, 1994)

QUEIXA

Toda a noite te esperei.

Quando cheguei
Não estava ainda luar.
E fiquei
A esperar
Que viesses
Como tinhas prometido.

Toda a noite te esperei
e afinal não apareceste.

Fiquei esperando,
Esperando,
E as horas foram caindo,
Uma a uma,
Como gotas de cacimbo.

Entretanto,
Surgiu de trás da Igreja
O disco, em prata,
Da Lua.

Debaixo da cajajeira,
Junto à valeta da rua
E sob a luz que me encanta
Vi nascer a madrugada
Da cor da Semana Santa,
Vi como a noite fugia
E como raiava o dia.

Toda a noite te esperei
E afinal não apareceste...

Toda a noite te esperei
E afinal não apareceste...

Esperei
E desesperei.
Desesperei
E chorei...

Acrílico sobre tela: When Tomorrow Comes, de Nik Helbig
AIRES ALMEIDA SANTOS, in POETAS ANGOLANOS (1962) in ANTOLOGIAS DE POESIA DA CADA DOS ESTUDANTES DO IMPÉRIO 1951-1963, Vol. I (ACEI, 1994)

QUEIXA

Toda a noite te esperei.

Quando cheguei
Não estava ainda luar.
E fiquei
A esperar
Que viesses
Como tinhas prometido.

Toda a noite te esperei
e afinal não apareceste.

Fiquei esperando,
Esperando,
E as horas foram caindo,
Uma a uma,
Como gotas de cacimbo.

Entretanto,
Surgiu de trás da Igreja
O disco, em prata,
Da Lua.

Debaixo da cajajeira,
Junto à valeta da rua
E sob a luz que me encanta
Vi nascer a madrugada
Da cor da Semana Santa,
Vi como a noite fugia
E como raiava o dia.

Toda a noite te esperei
E afinal não apareceste...

Toda a noite te esperei
E afinal não apareceste...

Esperei
E desesperei.
Desesperei
E chorei...

*

Acrílico sobre tela: When Tomorrow Comes, de Nik Helbig

*

(CC)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012


JOHANN WOLFGANG VON GOETHE, in OBRAS ESCOLHIDAS DE GOETHE, vol. VIII POESIA, trad. de JOÃO BARRENTO (Círculo de Leitores, 1992)

PRESENTE DE NATAL

Meu doce amor! Entre as quatro paredes
De uma caixa te mando uns doces. Qual
Cesto de fruta em tempo de Natal.
São bolos para as crianças, como vedes!

Para a tua festa pensei em te mandar
Poético manjar de doces frases;
Mas para quê tais caprichos fugazes?
Recuso-me à lisonja para ofuscar!

Pois há mais coisas doces, que à distância
Falam da minha para a tua alma bela,
Mesmo sem mensageiro por que tas mande.

E se sentires então doce lembrança,
Se vires brilhar a tua boa estrela,
A mais pequena prenda será grande.



Fotografia: Piano Gift, de Sophie De Roumanie

JOHANN WOLFGANG VON GOETHE, in OBRAS ESCOLHIDAS DE GOETHE, vol. VIII POESIA, trad. de JOÃO BARRENTO (Círculo de Leitores, 1992)

PRESENTE DE NATAL

Meu doce amor! Entre as quatro paredes
De uma caixa te mando uns doces. Qual
Cesto de fruta em tempo de Natal.
São bolos para as crianças, como vedes!

Para a tua festa pensei em te mandar
Poético manjar de doces frases;
Mas para quê tais caprichos fugazes?
Recuso-me à lisonja para ofuscar!

Pois há mais coisas doces, que à distância
Falam da minha para a tua alma bela,
Mesmo sem mensageiro por que tas mande.

E se sentires então doce lembrança,
Se vires brilhar a tua boa estrela,
A mais pequena prenda será grande.

*

Fotografia: Piano Gift, de Sophie De Roumanie

*

(CC)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


Todo O Tempo Do Mundo

Rui Veloso

Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo
Curtir ·  ·  · há 20 minutos · 
Voy a apagar la luz para pensar en ti
Y así dejar volar a mi imaginación
Ahí donde todo lo puedo donde no hay imposibles

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua.
*Cecília Meireles

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Panettone trufado de sorvete coberto com chocolate 

Ingredientes
1 panetone de 500 g
1 barra de chocolate ao leite 320g (sua preferência)
1 caixinha de creme de leite 200g
1 pote de sorvete sabor creme
Frutas cristalizadas 100 g (opcional) 

Modo de Preparo
Corte uma tampa do panetone e retire o miolo, delicadamente, deixando uma parede de 2 cm. 
Derreta o chocolate em banho-maria ou micro-ondas (cuidado para não queimar o chocolate no micro-ondas, deixe 30 segundos, mexa um pouco, repita até derreter por completo). Acrescente o creme de leite, misture e coloque na geladeira.
Misture as frutas cristalizadas, cerejas, com o sorvete, recheie o panetone. 
Coloque a tampa do panetone, pegue o chocolate da geladeira e decore o panetone,  cobrindo-o completamente de chocolate.
Coloque o panetone na geladeira em uma forma forrada com papel manteiga, deixe esfriar por 1 hora e sirva. 

Bom apetite!
Panettone trufado de sorvete coberto com chocolate

Ingredientes
1 panetone de 500 g
1 barra de chocolate ao leite 320g (sua preferência)
1 caixinha de creme de leite 200g
1 pote de sorvete sabor creme
Frutas cristalizadas 100 g (opcional)

Modo de Preparo
Corte uma tampa do panetone e retire o miolo, delicadamente, deixando uma parede de 2 cm.
Derreta o chocolate em banho-maria ou micro-ondas (cuidado para não queimar o chocolate no micro-ondas, deixe 30 segundos, mexa um pouco, repita até derreter por completo). Acrescente o creme de leite, misture e coloque na geladeira.
Misture as frutas cristalizadas, cerejas, com o sorvete, recheie o panetone.
Coloque a tampa do panetone, pegue o chocolate da geladeira e decore o panetone, cobrindo-o completamente de chocolate.
Coloque o panetone na geladeira em uma forma forrada com papel manteiga, deixe esfriar por 1 hora e sirva. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

ANTÓNIO GEDEÃO, DIA DE NATAL [Public. em Máquina de Fogo, 1961] 

DIA DE NATAL

Hoje é dia de ser bom.

É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeus enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha se uma roupagem diáfana a desembrulhar se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor – o que nunca tinha pensado comprar.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda o a surpresa
Do Menino Jesus.

Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá tá.

Já está!
E fazia as erguer para de novo matá las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

*
Este poema foi publicado no jornal dos estudantes do Liceu Camões, em 1967, que foi apreendido pelo reitor da instituição.
*
Manuscrito (excerto) do poema a tinta azul, com emendas e acrescentos também a lápis (BNLisboa)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Ausência física, ausência da voz e do cheiro, das risadas e do piscar de olhos, saudade da amizade que ficará na lembrança e em algumas fotos.