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domingo, 1 de setembro de 2013



Autorretrato

Revelar-me: ato difícil. Dificílimo.
Estou há mais de uma semana tentando escrever sobre o que sou.
Decidir rapidamente nunca foi meu forte. Penso, repenso e nunca está bom. Às vezes acho que sou meio masoquista porque me cobro demais, me culpo demais. Lendo o texto “Autobiografia nas artes visuais: Feminismos e reconfigurações da intimidade de Luana Saturnino Tvardovskas”, encontrei um parágrafo que me deu uma luz:
“Dentre as tarefas que definem o cuidado de si, há aquelas de tomar notas sobre si mesmo – que poderão ser relidas -, de escrever tratados e cartas aos amigos, para os ajudar, de  conservar os seus cadernos a fim de reativar para si mesmos as verdades da qual precisaram (1994:783). E ainda em Foucault, as hupomnêmatas eram cadernos de anotações onde se podia escrever a respeito de fatos e pensamentos importantes, ensinamentos e impressões que apoiassem nesse percurso da vida. (2006:147)”
Uau!!! Lembrei que tenho um blog. Nada de mais. Só um local onde coloco o que não quero esquecer ou perder de vista. Mantenho-o desde 2009. Ele sou eu.
Passei a lê-lo. Desde o início.
Ri de mim, orgulhei-me de mim, repreendi-me: não, isto não pode se repetir. Isto pode. Isso deve. Aquilo nunca mais.
Lembranças.
Nesta altura, lá vem Caeiro de novo a assombrar-me: ...”o que foi não é nada e lembrar é não ver...” Será? Porque há muitas coisas que passei que não dá pra não amar. Até o que doeu. Porque já não dói.

E, é aí, que me revelo. Um monte de dúvidas. De incertezas. De curiosidades. De vontades. De sonhos. E algumas certezas.


Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. Já disse (Paulo Freire,2001). 




Perfeito, Maria Inês!! 
Adoro as dúvidas, pois são elas que nos impulsionam rumo ao inesperado, ao prazer de viver intensamente a nossa condição mundana de sujeitos aprendentes!!

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