Autorretrato
Revelar-me: ato difícil.
Dificílimo.
Estou
há mais de uma semana tentando escrever sobre o que sou.
Decidir
rapidamente nunca foi meu forte. Penso, repenso e nunca está bom. Às vezes acho
que sou meio masoquista porque me cobro demais, me culpo demais. Lendo o texto
“Autobiografia nas artes visuais: Feminismos e reconfigurações da intimidade de
Luana Saturnino Tvardovskas”, encontrei um parágrafo que me deu uma luz:
“Dentre
as tarefas que definem o cuidado de si, há aquelas de tomar notas sobre si
mesmo – que poderão ser relidas -, de escrever tratados e cartas aos amigos,
para os ajudar, de conservar os seus
cadernos a fim de reativar para si mesmos as verdades da qual precisaram
(1994:783). E ainda em Foucault, as hupomnêmatas eram cadernos de anotações
onde se podia escrever a respeito de fatos e pensamentos importantes,
ensinamentos e impressões que apoiassem nesse percurso da vida. (2006:147)”
Uau!!!
Lembrei que tenho um blog. Nada de mais. Só um local onde coloco o que não
quero esquecer ou perder de vista. Mantenho-o desde 2009. Ele sou eu.
Passei
a lê-lo. Desde o início.
Ri
de mim, orgulhei-me de mim, repreendi-me: não, isto não pode se repetir. Isto
pode. Isso deve. Aquilo nunca mais.
Lembranças.
Nesta
altura, lá vem Caeiro de novo a assombrar-me: ...”o que foi não é nada e
lembrar é não ver...” Será? Porque há muitas coisas que passei que não dá pra
não amar. Até o que doeu. Porque já não dói.
E, é
aí, que me revelo. Um monte de dúvidas. De incertezas. De curiosidades. De
vontades. De sonhos. E algumas certezas.
Ninguém
caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. Já disse (Paulo
Freire,2001).
Perfeito, Maria Inês!!
Adoro as dúvidas, pois são elas que nos impulsionam rumo ao inesperado, ao prazer de viver intensamente a nossa condição mundana de sujeitos aprendentes!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário