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domingo, 18 de setembro de 2011

Serra

Serra

Deixem-me andar até ao fim da tarde,
Ébrio de longes, percorrendo os cimos.
Que ninguém me imponha os seus destinos.
Possa beber no gricho que me agrade.

Minha sede só em meu peito arde,
Não se compraz com o afastar dos limos.
Há fontes que a nós compete abrirmos,
Antes que a água tolde ou se retarde.

Podem tirar-me tudo, menos isto:
Subir a cumes de granito e xisto,
Na ânsia ardente de me ultrapassar.

A Serra, em mim, a difundir vertigem.
E esta dor que os outros não atingem,
De avistar Deus sem Lhe poder falar!

Poema de João de Sá. "Flores para Vila Flor"

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