A
consciência de que tudo passa é insistentemente cantada por Reis. Ao homem
cabe
apenas aceitar, uma vez que nada pode. Mas se a morte é inevitável é possível,
no
entanto,
aguardar pela sua chegada aproveitando o que de bom é passível de ser
aproveitado,
como o vinho e as flores:
TÃO CEDO PASSA tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada. (PESSOA, 1977, p. 277, ode 358).
Se
na vida tudo é tão pouco como o poeta afirma, resta apenas aproveitar o
pouco
que se tem. Em determinados momentos, Ricardo Reis parece assumir a postura
Horaciana
no que diz respeito a aproveitar o dia, condenando quem procura enxergar
para
além do momento ou para trás dele:
Por que tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo. (PESSOA, 1977,
p. 290, ode 420)..
Nenhum comentário:
Postar um comentário