Quando não me abrigo do mundo e deixo os outros entrar, devagarinho, percebendo que também eles me trazem cores, flores e também abraços, aquela dor da ausência de ti amansa. E por vezes, sei que reuno forças para empurrar a porta – para não deixar ninguém entrar e para que tu não saias, como se esse gesto pudesse suspender um sonho e como se eu pudesse viver apenas de um sonho que me tem cativa. E prefiro dizer sonho do que ilusão porque esta significaria a aceitação, a constatação última de que te foste, de que urge deixar-te ir; o sonho, esse, ainda me agarra à esperança, àquele futuro que ainda pode espreitar-me. E eu preciso dessa esperança como uma mão que sustém a dor para que ela não pese tanto que me esmague.
Nenhum comentário:
Postar um comentário