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domingo, 26 de agosto de 2012


NUNO JÚDICE, in O ESTADO DOS CAMPOS

EM FRENTE DO MAR

"Pergunto a mim próprio em que noite nos perdemos?
que desencontro nos levou de um a outro lado das 
nossas vidas? e que caminhos evitámos para que os nossos 
passos se não voltassem a cruzar? Mas as perguntas que 
te faço, hoje, já não têm resposta. Sento-me contigo, 
nesta mesa da memória, e partilho o prato da solidão. Tu, 
na cadeira vazia onde te imagino, sacodes o cabelo com 
um aceno de ironia. E dou-te razão: as coisas podiam 
ter sido de outro modo. Não te disse as palavras que 
esperaste; e havia o mar, com as suas ondas, nessa tarde 
em que me puxaste para longe da cidade, como se 
a noite não nos obrigasse a voltar, quando o horizonte 
se apagou à nossa frente. Depois disso, nenhuma 
pergunta tem resposta. O que é absurdo há-de continuar 
absurdo, como o horizonte não se voltou a abrir, 
trazendo de volta os teus olhos que me pediam que 
os olhasse, até que a noite me impedisse de o fazer." 


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